sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Ideia da Morte


A Ideia da Morte



“Um homem caminha por uma rua, desaba um muro sobre ele, e mata-o.
Caminhar por uma rua é uma coisa normal; a queda de um muro é coisa simples e normal. A morte porém que resultou anormal na vida sadia desse homem, e anormal como consequência previsível da queda de um muro”.
Fernando Pessoa

Sidharta Gautama, dizia “que começamos a morrer a partir do dia em que nascemos”. Esta ideia sobre a morte acompanha-nos sempre. No entanto ela é vista como uma coisa oculta e temida, criando no íntimo do ser humano muitas ansiedades e angústias.
A maior parte das pessoas não está psicologicamente preparado para contornar o fenómeno da morte, porque no fundo do inconsciente há uma ausência, um não acreditar, e assim fugir e disfarçar essa realidade.
É um acontecimento que foi visto sempre com grande preocupação, respeito e medo e foi sustentado ao longo da História da humanidade por um sentido metafísico e religioso.
O assunto foi sempre tratado como uma coisa misteriosa que traz muita angústia fazendo com que o ser humano tenha um pensamento interrogativo sobre esta realidade, isto é, cria uma ideia metafísica sobre este assunto, porque como não tem possibilidade de saber e conhecer sobre a sua própria morte, vai procurando explicação na finalidade da existência, caindo depois sobre muitas dúvidas e contradições. Como o fenómeno da morte não é só um problema físico mas também metafísico, vai buscar explicações culturais, filosóficas, teológicas, teosóficas, sociológicas, antropológicas e outras.
Sobre este misterioso assunto, há uma forma de pensamento, uma realidade explicada já na sabedoria antiga. Primeiro tem que se ter em mente que a morte faz parte da vida, é um fenómeno tão natural como o nascimento e esta dualidade é que nos abre dentro da nossa consciência a compreensão sobre a finalidade da vida e do ser humano em geral que continuará sempre um enigma. Por outro lado a morte não é mais que uma iniciação, porque é necessário morrer para renascer e este renascimento podemos fazê-lo em vida, porque existe sempre uma oportunidade de uma renovação interior, uma nova consciência da vida para que se sinta feliz e sem medos, porque fica mais confiante, seguro e esclarecido. É como matar uma parte da nossa ignorância que está retida no nosso ego, fazendo uma alquimia interior para que nos transformemos num bom ser humano. O segredo está dentro de nós.

É errada, a maneira como vivemos em sociedade, porque só se dá valor ao êxito, ao sucesso, à beleza, ao domínio e com ela nascem todas as hipocrisias, porque passa para o plano inferior outros modelos como a velhice, o sofrimento e a morte e, assim, ao desligar-se de todos estes problemas vão nascendo no seu intimo valores errados da sua vida neste mundo e nesta sociedade, nascendo os medos, angústias existenciais e, como tábua de salvação, agarra-se à sua imortalidade física imaginária.
Com diziam os Estóicos na antiguidade, “ A vida não é curta nem comprida, tem a duração dos nossos sonhos mais profundos”.

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